Guilherme Boulos, candidato do PSOL a presidente da república, tem propostas ousadas. A principal, usar os bancos públicos para baixar as taxas de juros, com isso forçando os bancos privados a acompanhá-los. Lula e Dilma fizeram o mesmo. O resultado foi o incremento na compra de geladeiras e microondas pelo eleitorado de Lula.
Depois as coisas voltaram ao de sempre. O dinheiro dos bancos públicos não é tão público assim, eles têm correntistas e aplicadores privados. Boulos, Dilma e Lula são daqueles que acreditam que o dinheiro nasce na Casa da Moeda. Não sabem que esses favores refletem no orçamento com restrições de dinheiro para fins de maior mérito.
Outra: usar imóveis abandonados para moradias aos sem teto. A ideia é interessante pelo que aconteceu no incêndio com mortes do prédio em São Paulo, a tragédia em vidas humanas e irresponsabilidade do Estado. A proposta risca de leve o princípio mais ignorado das últimas constituições, o da função social da propriedade.
A ideia de Boulos é generosa e demagógica. Ele pretende a mega desapropriação, tem dinheiro para isso? A desapropriação esbarra no dique de proteção aos donos de imóveis, sempre avessos à contribuições de melhorias dos imóveis que valorizam pelas obras públicas e à taxa de coleta de lixo, inexistente ou baixa, que estimula a poluição do ambiente.
Sugiro a desapropriocupação de dois imóveis, um privado, outro público aqui na vizinhança: na esquina da Deodoro com General Carneiro, vazio há 50 anos; e o prédio de seis andares do INSS, vazio há pelo menos 30. Um o motel de viciados em crack e ponto de partilha de trombadinhas, o outro, mural de grafiteiros de esquerda.