CXLVI

Confesso que fiquei impressionado com a sentença de uma juíza de Curitiba. Ela condenou um réu afirmando que sua raça era uma evidência de que pertencia a um grupo de ladrões.

De um modo geral, sempre comentamos o caso de policiais que suspeitam de uma pessoa porque ela é negra. Às vezes, é até um processo subconsciente.

Mas essa juiza, chamada Inês Zerpelon condenou uma pessoa argumentando com sua cor e, mais do que isso, escreveu isto na página 109 da sentença.

O ideal seria extrair essa página e colocar num museu com a indicação de que a sentença foi proferida na segunda década do Século XX.

Leio que o governador de São Paulo está com covid19. A pandemia atingiu em cheio, desde o presidente aos governadores e também no mínimo oito ministros.

De um modo geral, todos se saíram bem. Mas não deixa de ser uma atividade perigosa essa da política em tempos de pandemia.

Leio também que Trump já comprou vacinas para o dobro da população americana. Não entendo isso. Será que vai revender vacinas, distribuir para governos amigos?

Houve uma revoada no governo. Saíram os responsáveis pela privatização e pela reforma administrativa. Isto significa que, depois da luta contra a corrupção, o governo pode colocar na gaveta duas de suas bandeiras.

Algumas estatais são improdutivas e mereciam ser privatizadas. Por outro lado, a reforma administrativa é algo essencial, para tornar a pesada máquina do governo algo mais efetiva.

Mas o acordo com o Congresso dificilmente permitirá que Bolsonaro avance nesse campo. Como entregar cargos a políticos e esperar que aceitem vender as empresas para a iniciativa privada? Como racionalizar a máquina diante da grande pressão corporativa?

Bolsonaro precisa gastar para se reeleger e, ao mesmo tempo, precisa mudar de base eleitoral.

É o figurino tradicional que nos levou a tantos impasses e ao próprio Bolsonaro.

Escrevi hoje um artigo sobre isso.

Não há sistema politico que resista a tanto tempo de decadência. A democracia não é eterna. Pelo contário, é uma construção cotidiana. O tempo deve mudar na quinta. Está previsto. Foi uma linda semana no Rio.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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