O que mudou foi o avanço da religiosidade popular, organizada em torno dos evangélicos, o surgimento de um novo pensamento de direita articulado com uma pauta comservadora de costumes.
Nos corredores da Câmara os grupos religiosos já faziam um grande barulho quando se discutia algo em relação ao aborto. A novidade é que a direita com grupos mais audaciosos se dispôs a romper com as leis, expondo a menina e o hospital onde seria feita a intervenção.
A necessidade de ampliar sua influência política fez com que alguns grupos estimulassem a reação religiosa. Não existe um Deus que favoreça violentar uma criança pela segunda vez, impedindo que reconstrua sua vida.
O argumento religioso tornou-se patético diante da desumanidade. Isto não significa que estamos condenando os adversários do aborto de um modo geral. Temos uma lei sobre o tema e ela protege a criança. Nos casos em que há conflito entre crenças religiosas e a lei, o estado laico simplesmete aplica a lei.
Já vi algo semelhante com grupos que proibem transfusão de sangue. Alguns países realizam a transfusão para salvar vidas, independente da pressão familiar.
O que ficou bastante claro também foi a hesitação das redes sociais que permitiram que a criança ficasse exposta por quase 24 horas. Felizmente a conta da ativista Sara Geromini foi cassada. Ela ultrapassou todos os limites.