Enquanto falta anestesia nos hospitais para as vítimas do Coronavírus nós, moradores deste condomínio, estamos todos anestesiados.
Levanto à noite para beber água. Vou até a cozinha: saio do quarto, atravesso o corredor, e tudo é silêncio. Um silêncio criminoso como se o país estivesse mergulhado em paz. Como se não estivéssemos em guerra.
Bebo meu copo d’água em silêncio. Cercado por um silêncio tão pesado que me vejo abandonando a proteção da trincheira, abrindo a porta e, à maneira de Caetano Veloso em “Araçá Azul”, gritando a plenos pulmões: “Silêncio! Silêncio!” – e só o silêncio responde. Todos estão anestesiados. Estão todos deitados. Dormindo profundamente.
Procura-se Malária. Será condecorado como herói quem a encontrar. Temos grande estoque de comprimidos para tratamento dessa doença. Mostre que você é um bom brasileiro e pegue Malária. O Governo agradece.
O pó oriundo da raspagem de chifre vacum do grande rebanho mocorongo não funciona no combate ao novo Corona vírus. Erguer a embalagem para que Deus possa ler o que está escrito na caixinha me parece também coisa chegada a uma mocoronguice.
FRASES QUE FIZERAM HISTÓRIA – Ao contrário de “Senta a pua” e “A cobra vai fumar’, a expressão “Calma que o Brasil é nosso” não foi criada por um brasileiro.