Padrelladas

Diário da Pandemia

Ora, ora, então voltaremos a ter cassinos no Brasil. Dona Carmela Dutra, chamada “Dona Santinha”, deve estar se revirando no túmulo, tão religiosa era. Como sabemos todos, o marido Presidente General Eurico, proibiu a cassinagem em 1946, móde que jogo de azar destrói a família, e família é um dos pilares da sociedade. Não temos cassinos, mas temos mega sena, raspadinha, peludinha, depilada e outras modalidades de arrancar a grana do pobre em troca de falsas esperanças. Jogo do bicho, que é bom, não pode. O Barão de Drummond deve estar a revirar-se no túmulo. Bom, pelos menos agora os ricos também terão chance de ficar sem as calças.

Armas liberou geral. Cada cidadão de bens pode ter quatrocentas e quinze submetralhadoras, duzentos e dezoito fuzis e algumas escopetas. Até os filhos menores podem possuir armas, estou falando de setras, vulgo atiradeiras, para matar passarinho e/ou quebrar vidraça.

Cá me fico a imaginar: Os cidadãos de bens jogando nos cassinos (cassinos são ambientes nervosos) e de repente o cara entra numas com o crupiê, saca o revólver, e o crupiê tem um fuzil exclusivo das Forças Armadas mocozado na roleta, e começa o tiroteio. Não sei se esse negócio de reabertura de cassinos com a liberação das armas vai dar certo. Liberar a maconha, que é bom, nem pensar.

*Uns liberam, outros prendem. Uns são pílulas de vida do Doutor Ross, outros são chá de folha de goiabeira. Jânio Quadros estava mais para chá de folha de goiabeira – não da goiabeira onde Jesus aparecia para aquela senhora. Enquanto se planeja liberar cassino, para desgáudio de Dona Carmela Dutra, vulgo Santinha, lembro que Jânio desliberou as rinhas de galo. O pontapé inicial foi dado por uma senhora curitibana, cujo nome me foge à memória, que telefonou para o presidente da vassoura e pediu para ele acabar com a galinhagem. Como no Brasil nada se sustenta, voltaram os rinhadeiros à sua ocupação, para desgáudio das frangas, que passaram a ouvir de seus “maridos”: esta noite não posso, querida, estou todo moído.

ENTREOUVIDO EM PALÁCIO: Ora, uma ema é apenas uma galinha mais fornida de carnes. Quem comeu, comeu; quem não comeu Mateus que o embale. Embale pra viagem, que sempre é interessante levar uma ema a conhecer Paris. 

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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