O Brasil termina mais um dia em grande tristeza, numa terça-feira com o país registrando mais de mil mortes causadas por Covid-19 — foram 1.179 em 24 horas. Como sabe-se que existe muita subnotificação é preciso preparar o coração para dias ainda mais difíceis que virão pela frente.
Era previsível que este número oficial seria alcançado, no entanto o presidente Jair Bolsonaro passou o dia despreocupado com a dor e o desespero de seus compatriotas. Suas pautas eram outras. Ele anda bastante ocupado com o andamento dos trabalhos da Polícia Federal no Rio de Janeiro e parece que por ora está bem mais satisfeito com o que estão lhe passando.
Enquanto brasileiros morriam — um óbito a cada 73 segundos — ele almoçava nesse dia com os presidentes do Flamengo, Rodolfo Landim, e do Vasco, Alexandre Campello. Discutiram um modo de driblar a necessidade do isolamento social em estados com gobernadores mais responsáveis, para fazer voltar os campeonatos estaduais.
Claro que não faltou cloroquina. Mais tarde, já de bucho cheio, ele disse que o novo protocolo que amplia o uso de um remédio sobre o qual ainda existem muitas dúvidas científicas será assinado na quarta-feira por Eduardo Pazuello, responsável interino pelo Ministério da Saúde, que teve dois ministros demitidos em menos de um mês.
Em plena pandemia a pasta da Saúde não tem ninguém oficialmente no comando. E o mais recente cotado para o cargo é uma figura amalucada que afirma que o coronavírus é “uma porra de um viruzinho”.
Ah, sim: num dia em que tivemos a terrível notícia de que esta doença já está matando um brasileiro a cada minuto, Bolsonaro não lamentou nenhuma dessas mortes nem mandou uma mensagem de compaixão e solidariedade para seus parentes, os amigos e, claro, para todos nós, que sentimos cada batida dos sinos.
O presidente aproveitou para fazer mais uma piada com a doença. Em live sobre o novo protocolo da cloroquina, Bolsonaro disse o seguinte: “Quem for de direita toma cloroquina. Quem é de esquerda toma Tubaína”.