Leio no New York Times que o novo disco de Taylor Swift, “The Tortured Poets Department”, além de sair em streaming, CD e cassete, terá uma edição em vinil. Mas não uma edição comum. Serão LPs em diversas versões (ainda não se sabe quantas, para manter os colecionadores na ponta dos pés), cada qual com uma atração exclusiva —faixas-bônus, fotos, capas em cores diferentes, vinil idem em várias cores, ímã de geladeira, camiseta autografada e sabe-se lá. Talvez saia também em forma de pizza. O céu é o limite.
Estuda-se ainda o lançamento, em tiragem ultralimitada, de uma caixa contendo, além do LP, uma página arrancada do diário íntimo de Taylor, com sua caligrafia à caneta, e um fio de seus cílios postiços e uma unha de acrigel usada retirados por suas próprias mãos. O problema é que, pelo preço estratosférico, teme-se uma onda de suicídios entre as fãs impossibilitadas de comprar a caixa. E isto será apenas um grão na esperada venda de 1 milhão de vinis.
É formidável. Só me pergunto por que, com a volta triunfal dos LPs, a venda de toca-discos não parece compatível com tal estouro. Digo isso porque, nas lojas que ainda vendem discos, vejo jovens mergulhados nas gavetas de vinis, salivando sobre aqueles LPs lacrados e caríssimos, mas não ouço uma palavra sobre toca-discos.
No tempo em que o LP era a grande mídia musical, seus compradores sabiam tudo sobre cápsulas, agulhas, cristais, pré-amplificadores e válvulas, e passavam boa parte do tempo discutindo sobre isso nas lojas. O objetivo, óbvio, era chegar ao máximo de perfeição sonora na reprodução da música.
Esta é a diferença. Não se vendem tantos toca-discos porque o disco, hoje, não é comprado em função da música. Não precisa ser tocado. É uma peça de colecionador —o importante é ter uma versão que ninguém tenha. E sua capa, pelo tamanho, formato e beleza, é só um pôster de luxo.