Rei morto, rei posto

De novo a mania de imitar os EUA, onde a eleição presidencial tem o complemento da admissão da derrota: o candidato derrotado cumprimenta o eleito. É a consumação da democracia pelo fair play, virtude celebrada nos nos anglossaxões. Que está suspensa por lá no momento, quando o último presidente tentou golpe após a derrota, não transmitiu o cargo, e, homiziado em seu resort, prolonga a conspiração e incita fanáticos.

Cobra-se de Bolsonaro que assuma a derrota. Erro. Primeiro, quanto à cultura brasileira: aqui quem perde sempre se diz roubado. Segundo, quanto à índole equina de Jair Bolsonaro: ele reage aos coices e aos urros, sempre se considera lesado porque, como todo narcisista é paranoico, a realidade é aquela que povoa suas ilusões. Importa o que diz a justiça eleitoral: Lula venceu; portanto Bolsonaro perdeu.

O resto é delírio dos abduzidos, fascistoides e mentecaptos – como os que se manifestaram diante do quartel do Exército no Boqueirão. Oitenta e sete países reconhecem a vitória de Lula. Nem o Exército do ministro da Defesa que se travestiu de juiz eleitoral pode reverter isso. A menos que queira envergar a farda de milícia haitiana ou bolivariana.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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