O vice presidente Hamilton Mourão em boa hora foi descartado por Bolsonaro. Não podia ficar no governo, um vice maior que o titular, o inteligente fazendo sombra ao imbecil. Daí porque foi descartado e saiu por cima elegendo-se senador. Fosse presidente, daria o golpe “dentro das quatro linhas”, como diria Bolsonaro. A inteligência de Mourão não tem o refinamento da de um Marco Maciel, o vice invisível e mudo que garantiu o governo FHC. Mas diante da aridez do deserto brasileiro, Mourão se sobressai.
Veja o último exemplo: ele chama de “estado de exceção” as decisões do ministro Alexandre de Moraes, do TSE. Mas apoia o resultado das urnas, resultado do “estado de exceção”. Como o ministro presidente do TSE condicionou a revisão do resultado as urnas a um exame completo, incluído o primeiro turno, o vice presidente deu como consumado o resultado das urnas no segundo turno, admitindo como legítima a eleição de Lula. Porque a revisão do primeiro turno poderia comprometer sua eleição de senador.
Essa diferença, que nem chega a ser sutil, para sorte do senador eleito não será percebida por seus apoiadores, para quem ele apenas acena como um potencial adquirente dos salvados do incêndio de Jair Bolsonaro.