O MINISTRO da Defesa, aquele general com cara de mau que manda carta desaforada ao ministro Edson Fachin, continua a pressionar o TSE sobre a fiscalização das eleições. Na última reunião de ministros, lá veio ele com a mesma conversa. Por que o Exército tem que fiscalizar eleições em período de normalidade constitucional, no pressuposto de que haverá fraudes que sequer se revelaram como hipótese ou como ameaça? No Brasil o Exército interveio em eleições apenas nos períodos de anormalidade constitucional – entenda-se: nas ditaduras. Passa o tempo e o sotaque e os cacoetes da ditadura de 1964 voltam da hibernação de duas décadas.
Nas ditaduras ou não havia eleições ou elas eram figurativas, com candidatos pré-escolhidos, eleitos em colégio eleitoral reduzido, no quadro imposto de dois partidos, o que manda e o que compõe a pantomima da normalidade. Quando o ministro da Defesa exerce atribuição do Judiciário existe o exato contrário do que diz: ele quer evitar que a normalidade constitucional produza eleições limpas; para que, não eleito Jair Bolsonaro, engendre-se ruptura constitucional no suposto de que o Exército foi impedido de fiscalizar as urnas. Há extensa literatura do assunto, no geral sob o título ‘manual do golpe de Estado’.