Doando livros – cortando as asas

dedicatóriadedicatória 2Sempre fui contra colocar dedicatórias em livros. Acho que um livro perde um pedaço da asa quando se coloca uma dedicatória escrita à mão. Pode ser implicância minha — tudo bem. Tem escritor que adora manhã/tarde/noite de autógrafos. E tem gente que adora pedir autógrafo diretamente pro escritor. Talvez uma comprovação de que ele conhece o autor pessoalmente. Pode dar algum status, sei lá. Mas eu não gosto e pronto.

Cansei de ver livros nos sebos com amabilíssimas dedicatórias.

Aí, numa dessas minhas batidas na Biblioteca Pública, encontrei mais motivos pra não gostar de autógrafos. Eu procurava livros de um autor brasileiro chamado Olavo de Carvalho. Li um texto dele na internet e queria saber mais. Peguei as instruções de achar livros nos arquivos e fui às estantes. Achei o livro abaixo:

É um assunto que eu gosto. Essas mudanças no comportamento do ser humano desde o começo do século XX, por exemplo. A superpopulação, a globalização (argh!), a movimentação das massas pelo Planeta, as grandes dúvidas surgidas com os avanços da ciência, etc. Bem, achei o livro e, claro, abri. Tinha uma dedicatória:

Não é interessante? Depois fui ao Google e coloquei Olavo de Carvalho. Tem site e tudo dele. E tem, claro, os detratores. Olavo de Carvalho é polemista nato.  Só que hoje em dia ninguém mais polemiza nada. Tudo é relativo. Dar de ombros e ficar indiferente ou, pior, mandar executar — por motoqueiro de cabeça feita, na calada da noite — o oponente.

Olavo de Carvalho cita o Wilson Martins nos dois volumes de O imbecil coletivo. Mas, acho que o citado não deve ter gostado muito do citador. Você doaria pra Biblioteca Pública um livro recebido — com forte abraço — do autor?

Aí, no livro do Olavo de Carvalho encontrei referências a René Guénon e Ortega y Gasset. Lá fui eu atrás de A rebelião das massas, do Gasset. E tá tudo lá.

Rui Werneck de Capistrano é rebelde sem massa – 24|12|2010

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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