O ex-presidente Lula ficou um pouco mais sozinho na cela da Polícia Federal em Curitiba: não ouvirá mais o “Bom dia Lula” que os acampados do PT davam início aos trabalhos de apoio e companhia à meia distância, todas as manhãs. Acabou-se o acampamento, pressionado pela vizinhança e pela óbvia inviabilidade do projeto.
É o primeiro desalento para Lula, que chega junto com o frio.
A notícia da prisão de Zé Dirceu é o segundo fato novo para o começo do inverno. Tempo ruim para se entregar e passar a cumprir uma pena de 30 anos. Ou, para quem já passou dos 70, na prática, é uma prisão perpétua.
O tempo vai passando e corroendo o futuro das duas maiores lideranças de esquerda do Brasil contemporâneo.
No fim de tantos enfrentamentos, Zé Dirceu lembra a filha temporã, Maria Antônia, de 7 anos, a quem não soube explicar o que iria fazer numa prisão por tanto tempo.
O ex-presidente Lula respira pelos aparelhos de Gleisi Hoffmann, a guardiã da voz e do pensamento dele. E o inverno de Curitiba, que congela ossos e castiga os mais velhos, contribui para deixar tudo mais soturno. O PT vive seu pior momento político.