Dois fatos novos chegam a Curitiba junto com o frio

Ruth Bolognese – ContraPonto

O ex-presidente Lula ficou um pouco mais sozinho na cela da Polícia Federal em Curitiba: não ouvirá mais o “Bom dia Lula” que os acampados do PT davam início aos trabalhos de apoio e companhia à meia distância, todas as manhãs. Acabou-se o acampamento, pressionado pela vizinhança e pela óbvia inviabilidade do projeto.

É o primeiro desalento para Lula, que chega junto com o frio.

A notícia da prisão de Zé Dirceu é o segundo fato novo para o começo do inverno. Tempo ruim para se entregar e passar a cumprir uma pena de 30 anos. Ou, para quem já passou dos 70, na prática, é uma prisão perpétua.

O tempo vai passando e corroendo o futuro das duas maiores lideranças de esquerda do Brasil contemporâneo.

No fim de tantos enfrentamentos, Zé Dirceu lembra a filha temporã, Maria Antônia, de 7 anos, a quem não soube explicar o que iria fazer numa prisão por tanto tempo.

O ex-presidente Lula respira pelos aparelhos de Gleisi Hoffmann, a guardiã da voz e do pensamento dele. E o inverno de Curitiba, que congela ossos e castiga os mais velhos, contribui para deixar tudo mais soturno. O PT vive seu pior momento político.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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