Para não dizer que não estive aqui

Às vezes, pego-me a matutar: que mal teria feito o Brasil a Nosso Senhor Jesus Cristo para suportar no ringue eleitoral, de um lado, o sapo barbudo que já se passou por Pai dos Pobres II, mas acabou chefiando a maior quadrilha já abrigada no poder público; de outro, o desequilibrado-mor, fascistoide genocida, que, em três anos de mandato, conseguiu acabar com a saúde pública e a educação, a economia, a segurança e a cultura nacionais. Mais: ambos tiraram o país do prumo, jogando irmão contra irmão, numa guerra fraticida sem precedente. Pairando sobre isso tudo, um judiciário e um ministério público omissos e mal intencionados, de olhos apenas nos próprios interesses.

E no Paraná, que já teve respeito político nacional? Reina, hoje, um moleque sem passado e sem futuro, de comportamento ambíguo, inaugurador de obra alheia e capaz de achar que pode acabar com a Covid-19 por decreto. Decretou o fim da peste, mas esqueceu de combinar com o vírus. Surpresas desagradáveis se avizinham.

Como opção, alevanta-se do esquife outro destrambelhado, que já teve importância, mas hoje não passa de uma caricatura.

E o povo, o que faz o povo. Passa fome, é obrigado a gastar o dinheiro que não tem, foge dos bandidos e chora. Não sabe a força que tem e se submete passivamente a escroques dos mais variados tipos. Quanta saudade do velho Vandré: “Vem, vamos embora / que esperar não é saber. / Quem sabe faz a hora / não espera acontecer”.

Oh, meu Brasil brasileiro, que já teve samba e pandeiro!… Nem isso tem mais.

P.S. – Não estou voltando. Ainda não. Esta é apenas uma breve passagem, como eu avisei que poderia acontecer. Em homenagem ao alagoano Ricardo Silva, com a minha solidariedade e certeza de vitória, e à lúcida dona Beatriz, sogra do Rogério Distefano, com os meus parabéns pelo 100º aniversário.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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