No espelho, os vampiros não se refletem. Reflexão, corte & pensar. Critérios sangrados. No espelho o que se vê, está virado. Como se estivesse vindo, daí o dito: “enquanto você vai, eu estou de volta”. E é esta a linguagem destes desenhos. Vampiros correm o risco de serem descobertos. Coberto pelo medo, passe adiante, feche os olhos. Também fiz o mesmo com Edward Munch e Van Gogh, ou foi só impressão?
No impresso, o desenho é o humor. Seu traço carregado de conteúdo faz a moldura de nossos medos, extenção de litografia, o off-set tem a mesma função. Codificar a informação pela quantidade. Se fazer clara e direta, perder nas entrelinhas da linearidade as forças interiores. O desenho, na imprensa, obedece regras de mau gosto e padronização. Isto é, isto era, porque a manipulação do imprevisível, fez do desenho de humor informação. Informação: composição do que se conhece com o que não se conhece. O imprevisível é a mídia da expectativa de saber. Olhar no espelho, e não se negar frente a sua imagem mesmo que doa. Este é o jogo. Jugo do bicho. Uma espécie de auto punição, que temos que passar para atingir o sorriso. O ideal.
Só rir, felicidade. Humor, aperfeiçoamento No terminal da palavra humor e início de morte. Humorte. Assim como: “sem o incomunicável não há comunicação”, é preciso morrer de vergonha para viver de nossas limitações. Essas as regras do Jugo do Bicho. O homem mata e come animais. Douglas Mayer nos dá com humor a imagem refletida. Animal comendo. Seu sonho é uma realidade. Não dorme à noite. Dorme, como Todos Nós, durante o dia-a-dia. “Be a clown”. É a proposta, neste jogo ganha quem tiver maior coragem de assumir a informação. E assinar junto a declaração de seus direitos. Vamos anotar o sentido histórico destas grosserias artísticas e seus produtores.
O cartun ressurge em sua forma mais crua e pesada nos momentos de crise. O aspecto, critico carnal dos desenhos de Douglas Mayer, nos faz revisar, não só nossas posições espirituais (em cada desenho a pergunta:
“O que construo de beleza, se o que faço é isso?” nas políticas econômicas, sua importância estética vai acima de seu comportamento ético. Memória viva de Kirchner, Heckel, Scmidt-Retllut, Nolde, Pechstein, Muller. O patético historicamente assumindo as emoções humanas fundamentais, o medo, a solidão, o ciúme, etc. Alucinações e visões precisas. Contornos puros, crueza no sonho. O cartun é o ressurgimento do homem comum esmagado até pela cultura, palavra que não entende, e Douglas Mayer é seu representante por enquanto uma promessa, nestes primeiros trabalhos, mostrados fora de sua mídia. Olhar o mar como anfíbio, para poder ver dentro e fora.
Luiz Rettamozo
Edição do autor, Curitiba, 1978. Quem procurar, acha!