Neste sentido, na procura de uma linguagem adequada a um leitor especial (cujo perfil vocês já conhecem grosso modo), minha estratégia resultou na adoção de algumas medidas já incorporadas ao meu cotidiano:
1 – Prefiro escrever direto no espaço do e-mail, salvando no final, antes de mandar para o ar (não é o caso deste texto). Estou sujeito a perdas e erros, que tento corrigir, mas o produto final acaba ficando meio tosco naturalmente, quase o oposto do Real Gabinete Português de Leitura, como eu quero, sem muita retórica. Este item se aplica principalmente à construção de frases longas;2 – textos MAIS curtos do que o literário não significa uma linguagem condensada como um quiz show, jogo de adivinhação. (Sim, acredito nesta tendência, o calhamaço aborrece muito mais na web do que no livro).
3 – Uso de fotos ou/e ilustrações. O veículo pede o aproveitamento de suas qualidades cromáticas, estéticas e tecnológicas. Faz bem pra vista e o Bueno anda espalhando que eu inventei a crônica-legenda;
4 – Ao contrário da imprensa escrita, conservadora, com postulados do século 19, na dúvida sobre uma informação, publique a dúvida. Depois, se possível, desfaça a dúvida e aceite o dinamismo (mesmo editorial) da banda larga como uma rotativa onde você pode parar as máquinas e voltar atrás. Como o noticiário das tvs a cabo, que pela agilidade perdoa-se as falhas. Ou seja, a revisão é bem-vinda, mas não imperativa. A verdade e a ética, estas sim são imutáveis;
5 – As revistas dos blogs, como este do Solda, trazem características marcantes sobre a amplitude de possibilidades: aqui já falei sério sobre a poesia beat, traduzindo (olhe o gerúndio) Allen Ginsberg, e já registrei uma família de micos de cara suja na janela do meu estúdio. Já postei com um laptop da praia de Ipanema, num dia de inverno ensolarado, e do meu posto na areia pude ver as fotos circulando menos de 20 minutos depois (as pessoas que fotografei ficaram pasmas ao se verem na tela, no que se assemelhava a um truque de mascate);
6 – Porra, meninos, não esqueçam que eu comecei ouvindo rádio galena na olaria do Tio Pedro, no Barigüi, e que o primeiro jornal onde trabalhei, A Voz do Paraná, era impresso na chumbada de linotipo.
Toninho Vaz, de Santa Teresa
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