Poderíamos também dizer que nunca se roubou e se matou tanto, que nunca a violência foi tamanha, que a bandalheira foi tão escancarada, que as autoridades públicas perderam tanto a compostura… E aí por diante. Mas seria chover no molhado e ainda se correria o risco de ouvir de alguns lulistas obstinados a desgastada ladainha do Bolsa Família, do PAC e de outras coisas semelhantes.
Por isso, desejo, neste domingo de início de novembro, quando Finados já ficou para trás, prestar, uma vez mais, uma homenagem aos chargistas deste País, gente nobre, que merece o nosso respeito e a nossa admiração. Capaz de, num golpe de pena ou de pincel, traçar numa simples página de jornal verdadeiras obras-primas de fina ironia. Que atingem o alvo e o fígado do adversário com muito mais eficiência que laudas de crítica escrita ou horas do mais veemente palavrório.
Aí estão os nossos Dante, Solda, Marco, Pancho, Benet, Marcelo, Tiago e outros talentos da terra para comprovar. Tem também os veteranos Millôr, Jaguar, os irmãos Caruso, o time da Folha de S.Paulo, Laerte, Glauco, Angeli,
os gaúchos, catarinenses e mineiros. Já do pessoal do Norte e do Nordeste do País pouco se tem notícia – o que é uma pena. Por isso, hoje, gostaria de me referir a um cartunista do Diário do Povo, do Piauí, do qual sequer sei o nome, já que ele não é revelado pelo jornal e a assinatura, minúscula, é de difícil identificação. Mas o talento dele está na cara. Isto é, na segunda página da edição do Diário de domingo 21/10, que me foi trazida pelo Sérgio Bernardinetti, direto de Teresina. É um trabalho que todo bom chargista teria gosto de assinar, assim como eu tenho o prazer de reproduzir aqui, com aplausos ao autor e à imprensa nordestina. Sem maiores explicações, como requer uma boa charge. Confiram.Célio Heitor Guimarães (04/11/2007) O Estado do Paraná.