É por isso que todas as opiniões são bem-vindas à realidade social: a favor ou contra, liberais ou reacionárias, elas formam a matilha barulhenta sem a qual a caravana dos fatos passaria na surdina. Ao ladrar, a Opinião tem a chance de influir no meio. E é por isso que é vital levar a Opinião a passear por qualquer área da vida pública – a política, a economia, a sociedade, a cultura, a religião, os costumes. Porque tudo isso afeta a todos, sobretudo a quem não tem Opinião formada ou acha que a sua não tem valor. Daí a importância de deixar a Opinião se exercitar livre por entre os acontecimentos, fazer xixi diante de escândalos, uivar onde valores sejam ameaçados.
E há que cuidar bem da Opinião, com tosas do vocabulário e banho de ideias: assim ela circula à vontade por praças e palcos, plenários e periódicos. Quanto à ração, ah, precisa balancear: convicção demais fica ardida, convicção de menos fica sem ardor. Já os dogmas – partidários, científicos, filosóficos, religiosos – esses podem conter nutrientes fictícios e às vezes são muito indigestos. O essencial é que, em ambiente democrático, a Opinião possa respirar o ar do nosso tempo. Mesmo porque a atmosfera da Idade Média não está mais aqui.