Eduardo e a minhoca

Se o pai não dissesse coisas piores, se o filho não fosse apenas a cópia cuspida do pai, seria de meter o menino em colégio interno de monge trapista. Claro que, como sempre, a carapuça cai nas cabeças da hidra brasileira, a família Bolsonaro. Ontem o intelectual da estirpe, o deputado Eduardo, cometeu mais uma sobre o atentado que matou a vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes.

Como inevitavelmente o crime seria associado à proposta de liberação do uso de armas, promessa de campanha do pai, tema caro e hobby da família, o deputado montou um daqueles raciocínios tortuosos bem dele: “Arma mata tanto quanto o carro”. Qualquer bolsoignaro puxaria o silogismo bolsonárico ao final para ridicularizar os críticos das armas: “Então, se proíbe arma, proíba-se o carro”.

O discípulo de Olavo de Carvalho não pretendia essa conclusão, longe disso. Ele não buscava conclusão nenhuma, os raciocínios da família pertencem a outra ordem, não identificada pelos fundadores da lógica, de Zenão de Eléia a Aristóteles. Os raciocínios bolsonáricos são como a minhoca, que Millôr dizia ser autêntico absurdo, porque não tem pé nem cabeça. Como os produtos das mentes bolsonaras.

Os ‘raciocínios’da família B, como este último, superam o limite antes ultrapassado por Dilma Rousseff. Se puxarmos a temática das armas na regência quatrina bolsonárica, tem ainda o ministro Onyx Lorenzoni, que equiparou os liquidificadores às armas no risco às crianças. E sem mudar a lei para exigir porte de liquidificadores às crianças.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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