Mas adorou mesmo encontrar e beijar (se é costume na região) o premier Viktor Orbán, a quem chamou de “irmão” e com o qual vislumbrou grandes afinidades. Foi capaz até de pronunciar, prenhe de comoção, asnice como “nós representamos valores que podem ser resumidos em quatro palavras: Deus, Pátria, Família e Liberdade”.
O mote, como se sabe, é fascista italiano, excluindo, é claro, a “liberdade”. Adotado pelos fascistas brasileiros da Ação Integralista e pela ditadura portuguesa de Oliveira Salazar, tem sido usado costumeiramente pelo arremedo de fascista brasileiro.
Orbán, conhecido por sua política homofóbica e anti-imigração, retribuiu a bajulação proclamando que “os cristãos têm a religião mais perseguida do mundo” – coisa que o brasileira já dissera na ONU.
Em seguida, abraçaram-se afetuosamente.
Tiozinho teria feito melhor se ultrapassasse a fronteira com a Romênia e fosse abraçar, na Transilvânia, o Conde Drácula.
Nenhum acordo ou aliança relevante foi firmado nas visitas presidenciais, como já era previsível. Ou, como concluiu O Estado de São Paulo, “ao estreitar laços com dois nacionalistas autoritários como Vladimir Putin e Viktor Orbán, Bolsonaro só acentuou o isolamento em que enfiou o Brasil”.
A viagem só não foi inútil para os viajantes se lembrarmos que a comitiva, além da milicada de praxe, incluiu o filho de s. exª, Carlos, o nº 02, craque em tramoia pela internet, e que a Rússia é especialista em guerra cibernética e já integrou o exército de fake news de Donald Trump contra Hilary Clinton.
Ah, sim. Segundo o pândego e incompetente Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente bolsonariano de triste memória, Jair “evitou a 3ª Guerra Mundial”. Nem graça teve.
Na verdade, Tiozinho está aproveitando o final de governo para conhecer o mundo com o nosso dinheiro e “brincar de líder da extrema direita internacional”, como registrou a comentarista Eliane Cantanhêde.
Ao regressar ao Brasil de mala vazia, ele foi recepcionado com a destruição da bela Petrópolis, cidade que sobrevoou sem sujar as botinas, qualificando a visão, com incontida emoção, como “zona de guerra”.
Nenhuma palavra sobre o descaso criminoso das autoridades públicas, inclusive federais. O certo é que não há planejamento urbanístico no Brasil para áreas de risco. Todos os anos desgraças acontecem no Rio, São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Santa Catarina ou Nordeste, mas providências só são tomadas após a tragédia ocorrida. E nem falta de dinheiro é. Dos bilhões destinados a medidas de contenção das encostas, desmoronamento e enchentes nem 10% foram utilizados.
Em seguida, Tiozinho voltou à vadiagem habitual, só interrompida para a semeadura de intrigas. mentiras e ataques aos poderes constituídos.