O que seria da raça dos homens se a insanidade não os impulsionasse na direção do casamento? Seria suportável a vida, com suas desilusões e desventuras, se a Loucura não suprisse as pessoas de urn ímpeto vital irracional e incoerente?
Não é mérito da Loucura haver no mundo laços de amizade que nos liguem a seres perfeitamente imperfeitos e defeituosos? Nas entrelinhas de Elogio da Loucura, o humanista Erasmo critica todos os racionalistas e escolásticos ortodoxos que punham o homem ao serviço da razão (e nao o contrário) e estende um véu de compaixão por sobre a natureza humana.
Pois a Loucura esta por toda parte, e todos se identificarão com algum dos tipos de loucos contemplados pelo autor. Afinal, como ele proprio diz, “Está descrito no primeiro capítulo do Eclesiastes: 0 ntimerói dos loucos é infinito. Ora, esse número infinito com-preende todos os homens, com exceçãode uns poucos, e du-vido que alguma vez se tenha visto esses poucos”.
Portanto, amigo, se você está rasgando merda ou comendo dinheiro (e vice-versa), fique tranquilo. Nem tudo está perdido. Coleção L&PM Pocket, Volume 278, 2007, tradução de Paulo Neves. Quem procurar, acha.