Quem conduz a trama é o anti-herói McMurphy, um sujeito que vive aprontando, é pego estuprando uma garota menor de idade e simula ser louco para não ir para a cadeia. Vai parar no sanatório, onde aparentemente todos os pacientes estão controlados e dentro dos conformes, sob o mando ferrenho da enfermeira-chefe Ratched (Louise Fletcher). Mac tira esse frágil e manipulado equilíbrio, negando-se a tomar os calmantes, alterando regras, perturbando a ordem do local e fazendo cair as máscaras do sistema psiquiátrico. O curioso e muito sensível é que Mac mostra que há manipulação dos dois lados, por parte do sistema e dos pacientes, que acham mais fácil ficar enclausurados do que viver em sociedade, enfrentando problemas, família, etc.
Jack Nicholson, espetacular na sua ironia e petulância em quebrar as regras. Como qualquer ditadura, sobressai-se a lei do mais forte e as vozes são caladas. Literalmente, na figura do índio seu amigo. Melhor calar-se. Numa sutileza incrível no desfecho, o diretor dá mostras claras, mas não sem valorizar o humor e a amizade, da distorção das relações de poder e submissão. Vale a pena rever, 48 anos depois.