Em Sampa – Eduardo Kobra – Neo-vanguarda paulista por Paulo Klein

Kobra é o nome artístico de Carlos Eduardo Fernandes Leo (São Paulo, 1976), um expoente do que chamo de neo-vanguarda paulista. Seu talento brota por volta de 1987, no bairro do Campo Limpo com o pixo e o graffiti, caros ao movimento Hip Hop, e se espalha pela cidade. Com os desdobramentos, que a arte urbana ganhou em Sampa, ele derivou – com o Studio Kobra, criado nos anos 90 – para um muralismo original – inspirado nos pintores mexicanos e no design mural do norte-americano Eric Grohe -, beneficiando-se das características de artista experimentador, bom desenhista e hábil pintor realista. Nesse caminho ele desenvolve o projeto Muros das Memórias, com pinturas cenográficas, algumas monumentais, realizadas em pontos estratégicos da capital paulista. Através delas recupera cenas antigas da cidade, mesclando-as, às vezes, a interferências atuais. O maior destes murais, com cerca de 1000 m2, foi realizado, em 2009, na Avenida 23 de Maio.

Paralelamente, Kobra prepara sua história pessoal, que passa pela pesquisa de materiais reciclados e novas tecnologias, como a pintura em 3D sobre pavimentos (desenvolvida por nomes internacionais, como Julian Beever e Kurt Wenner), além de reciclar, recriar momentos e formatos das histórias da Arte e das cidades.

A presente exposição é síntese de seu modo peculiar de criar, através do qual pinta, mas também adere, interfere, sobrepõe personagens e cenas das primeiras décadas do século XX (de Gaensly e fotógrafos de sua época) com tags, tramas da Op Art, elementos da Arte Concreta. Ou, ainda, sobre-adesiva transparências em camadas que se harmonizam em cores, em preto e branco.

Tudo arranjado para encantar aos olhos e mentes, resgatar flashs nostálgicos, condimentados com fragmentos soltos da História, pintura executada com aerógrafo ou pincel sobre suportes inusitados (portas, janelas, refrigeradores antigos, placas e luminosos descartados) ou não (madeira, tela ou lona de caminhão). Inquieto e irrefreável em suas buscas criativas, Kobra é, hoje, um fenômeno da arte brasileira, da neo-vanguarda que “já” não se permite ignorar.

Paulo KLEIN – Crítico de Arte/Curador. Association Internationale Des Critiques D’Art – Paris. Associação Brasileira de Críticos de Arte – São Paulo.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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