Zé Rodrix – © Myskiciewicz
No ano em que completaria 70 anos (em novembro), o cantor e compositor Zé Rodrix, autor de “Casa no Campo”, uma balada rural de brilho único, deve ganhar uma biografia escrita pelo paranaense Toninho Vaz. A obra está pronta. Aguarda apenas que as editoras contornem a crise para chegar às livrarias, por isso a ausência de uma data precisa de lançamento.
POR TRÊS ANOS
Durante os três anos em que se debruçou sobre a história do compositor, integrante do trio Sá, Rodrix e Guarabyra e, muito tempo depois, do punk paulista, Toninho Vaz recorreu a vários expedientes para conseguir material para enriquecer sua história, inclusive as redes sociais. Uma gravação rara, um vídeo, uma coluna de livros que Rodrix publicava na Folha de S. Paulo, por acaso extraviada. Ele não poupou esforços. No limite, encarou as 1.284 páginas da trilogia do “Templo”, escrita por Zé Rodrix sobre a maçonaria – ele era um fiel seguidor.
ELE ERA MAÇOM
Parte do mistério do compositor e do segredo de seus muitos talentos, aliás, está associado ao fato justamente de ter sido integrante da sociedade maçom, historicamente discreta e reservada.
SECOS E MOLHADOS
Foi Zé Rodrix quem, em 1973, produziu um dos álbuns mais cultuados da
MPB: o primeiro disco dos “Secos e Molhados”. Foi Zé Rodrix também quem surpreendeu os fãs em um festival de música popular, ao apresentar-se, em 1985, ao lado do “Joelho de Porco”, com a canção satírica “A Última Voz do Brasil”.
BIOGRAFIA DE LEMINSKI
Toninho Vaz, hoje radicado no Rio, é também o autor da biografia definitiva de Paulo Leminski (“O Bandido Que Sabia Latim”), cuja quarta edição ainda em preparação deve incluir as partes vetadas por Alice Ruiz (viúva do poeta) e pelas filhas, Áurea e Estrela. Incluindo o suicídio do irmão de Paulo Leminski, cuja vida errática influenciou o próprio destino do poeta. Nesse livro definitivo sobre Leminski, Toninho Vaz me cita em certas passagens como alguém que abriu as portas para o escritor e seu grupo.
DECISÃO DO STF
Toninho Vaz evita falar no assunto. Há um processo judicial em curso e é preciso respeitá-lo, diz. De qualquer forma, o modo como a família remou contra os fatos e tentou suavizar até as cenas trágicas envolvendo o poeta curitibano, mostra o quanto foi benéfica a decisão por 9 a 0 do STF de liberar a publicação de biografias sem prévia autorização, em 2015. Mas só faz dois anos. Há muito a contar ora em diante. Vaz sabe disso.