Escrito num motel

O que nos leva a escrever
Se até o tempo, escrita da mente,
Desmente estar ali para entreter
Até o tempo se fechar, até a luz se resumir?

O primeiro gesto que a detona
É o eco da palavra que a devora
Exibindo seu osso e seu recheio
Como vem, de seu impulso dono – ou dona.

É para confundir os registros
Que a luz num quarto se anuncia.
E é para tornar-se ainda mais lúcida
Que a mão, distraída, nos escreve. E pára.

Rodrigo Garcia Lopes

(Em Polivox, Azougue, 2001)

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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