Esquerda rachada

Há sete meses das eleições municipais, quando vamos escolher prefeitos e vereadores, a esquerda carioca se comporta como uma abstração oligofrênica ao comparecer frente ao eleitorado meticulosamente dividida. Ainda é cedo para arriscar definições, mas vejam um raio x da situação: há quinze dias o líder nas pesquisas era o apresentador de TV Wagner Montes, que abdicou em nome do patrão, o bispo Crivella, evangélico dono da Rede Record. Foi uma renúncia estratégica que nos deixou de cabelo em pé, pois Wagner trabalha agora na transferência de votos para a sua diretoria. Isso é articulação.

Em pleno marasmo carlos, a esquerda não tinha horizonte provável até o surgimento da candidatura de Fernando Gabeira, deputado federal pelo PV, como tábua de salvação. A indicação repercutiu favoravelmente junto ao eleitorado, mas não sensibilizou outras falanges importantes na questão. Assim, o P-Sol confirma intenção de sair com candidato próprio, o excelente Chico Alencar, enquanto o PC do B (o partido mais oportunista do B) vai insistir com a médica Jandira Feghalli, aliada do Governo Federal e do PT, que vem com Alexandre Molon, outro bom candidato no lugar errado. O DEM vai homologar o nome de Solange Amaral, da área cultural, candidata do atual prefeito, César Maia. O PMDB, do governador Sérgio Cabral, ainda não se decidiu, mas deve lançar candidato próprio ou aliado ao PT.

Desnecessário dizer que, desde já, faço figa para fazer de Gabeira o nosso próximo prefeito. Nada mais limpo. Sem bater cabeça entre nós. Nós? Nós quem, cara-pálida?

(Quando um monge tibetano atinge um estado de cólera destrutiva, como agora, contra o governo chinês, é porque a situação passou do limite. Ou você desconhece os precedentes? Os índices econômicos e Spielberg já tinham avisado…)

Toninho Vaz, de Santa Teresa

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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