Tentou fazê-la engordar por causa do álcool, mas ela emagreceu e voltou a beber. Tentou deixá-la miserável e sem dinheiro para bebida e cigarros, mas ela tinha amigos. Tentou arrumar um namorado para ela, mas ele era dono de um bar e só piorou. Até que ele teve a genial idéia de mandar-lhe um rebento. Murphy sabia que Florisbela não faria um aborto – apesar de achar que cada um cuida do seu útero como bem entender, ela não gostava da idéia de arrancar um filho de onde ele estava, ainda mais quando era a mistura dela com o cara que ela amava, não, não e mil vezes não. Florisbela teria o filho e pronto. E assim fez Murphy.
Florisbela, então, percebeu que não deveria mais fumar nem beber nem usar droguinhas, porque o Beanie (que era como ela e Marc Bolan, seu namorado, chamavam o rebento, porque ele parecia um feijãozinho) não tinha nada a ver com os excessos dela, nem com as bebedeiras, nem com o tabagismo. E Florisbela passou a beber bem pouquinho e fumar menos ainda.
E Florisbela passou a comer coisas saudáveis. E Florisbela passou a encher a cara de chá.
E Florisbela começou a notar que seus peitos eram os maiores do mundo e sua barriga estava gigante. E Florisbela estava muito feliz com isso tudo e ficou pensando em escrever histórias infantis, como a de Joo, o Gato Ciumento. E Florisbela decidiu passar a gravidez inteira lendo tudo que não leu e tudo que leu e escrevendo tudo que não escreveu nos últimos meses.
E Florisbela bradou ao vento: “fofoqueiros, enfiem um dedo no cu e rasguem, pois sim, eu estou grávida, e sim, estou feliz, e não, não serei junkie durante a minha gravidez, e não, jamais faria um aborto, então cuidem de suas vidas e em vez de fofocarem pelos cantos, me mandem roupinhas de bebê ou depósitos em dinheiro!”
E foram todos felizes para sempre, mommie, daddie, Beanie, os quatro gatos e a pimenteira, até a próxima crise.
*Os nomes foram mudados para ninguém perceber que estou falando de mim mesma: Lady Averbuck. 20/2/2010