Eta farra!!!

A revista Veja desta semana marca um belo tento ao descobrir, com base em auditoria sigilosa do Tribunal de Contas da União, um dos segredos mais bem guardados do atual governo: os gastos reais com cartão corporativo por s. exª., a primeira-dama Michelle e a turma palaciana. Apesar de toda a estratégia para esconder a realidade das despesas, em planilhas separadas e sem conexão com a internet, ela veio à tona e revelou a estapafúrdia quantia de 21 milhões de reais, entre janeiro de 2019 e março do ano passado!

A figura que ora ocupa o trono do Planalto, aquela cujo nome não deve ser dito nem escrito, sob pena de maldição, costuma demonstrar simplicidade e austeridade. Mas não é o que se revela ao abrir as cortinas dos dispêndios secretos. Só com a compra de alimentos para as residenciais oficiais do presidente e do vice-presidente foram gastos 2,6 milhões de reais, pouco mais de 96.300 reais por mês! Mais 2,59 milhões de reais para alimentar a tropa de segurança e o pessoal de apoio administrativo nas viagens presidenciais pelo país. O cramulhão não alardeia que costuma abrigar-se em instalações do Exército, a fim de economizar verba pública? Pois os auditores do TCU surpreenderam-se com o volume dispendido com o pagamento de hospedagem e alimentação:16,5 milhões de reais!

O leitor há de lembrar a repercussão que causou, no ano passado, a lista de gastos com alimentação (reproduzida aqui) daquele que hoje nos desgoverna, no ano de 2020. Não tanto pelo astronômico total de R$ 1 bilhão e oitocentos milhões, mas pelos R$ 15.641.777,49 dispendidos com leite condensado e pelos R$ 1.072.974,22 para a aquisição de alfafa! Sim, alfafa, aquela planta da família das fabáceas, consumida como alimento por animais ruminantes!

Segundo a auditoria do TCU, a bordo do avião presidencial os ministros da Economia, Paulo Guedes, das Comunicações, Fábio Faria, do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, e da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, viajaram não para agendas oficiais, mas para curtir feriados ou assistir a partidas de futebol em São Paulo e no Rio.

Para a auditoria, o uso do avião presidencial para deslocamentos de convidados do presidente pode significar crime de improbidade administrativa, capaz de levar a autoridade pública à perda da função pública, ter suspensos os direitos políticos e a ressarcir os cofres públicos.

Lembrai-vos que acaba de ser revelado que o ínclito Comandante da Marinha, almirante de esquadra Almir Garnier Santos, levou a mãe e a esposa num avião da Força Aérea Brasileira para passar com elas as festas do último Natal no Rio de Janeiro. Mais grave ainda se torna a peripécia quando se sabe que o peralta Garnier disse à FAB ser viagem a trabalho…

Para o Supremo Tribunal Federal o uso de aviões da FAB para atividade particular é passível de enquadramento como crime de responsabilidade e, até, à abertura de pedido de impeachment.

Vê-se, então, porque o salário mínimo não pode ser superior a R$ 1.212 e o chamado auxílio emergencial não vai além de cinco parcelas de R$ 600…

Só não se entende o “slogan” escolhido para a campanha de s. exª. pela reeleição: “Ninguém segura esse novo Brasil”. “Cuma?!” – como diria o nosso mestre Zé Beto.

P.S. – Para não deixar sem registro: Na sexta-feira 03/06, JMB e seu fiel escudeiro Ricardo Barros participaram de uma motociata em Umuarama, aqui no Paraná, sem usar capacetes. Pelo mesmo “crime”, o motociclista Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, foi executado por gás no interior de uma viatura da Polícia Rodoviária Federal.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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