São, digamos, um polaco de cada colônia e ferem com ferro só pra conferir se domingo será feriado. Há os amarelos, disfarçados sob o ocre de maneira insuportável. Já foram vistos aos bandos, um por todos, todos por um, sempre. Dão um boi pra não entrar numa briga e uma boiada pra se safar dela. Como os demais, porém, não são maria-vai-com-as-outras e muito menos madalenas arrependidas. Embora nenhum deles sozinho faça verão, é melhor ter um na mão do que dois voando. Os rogérios verdes foram retirados recentemente da praça, pois foi descoberto que levavam algum por debaixo do pano, portando ás na manga e oferecendo a outra face e admitindo que o criminoso sempre volta ao local do crime e o bom filho à casa torna. Sorriento, é lógico.
Há ainda os incolores. Indescritíveis. Com eles, é oito ou oitenta. Ou ainda oitenta e oito, tanto faz. Preferem ensinar um homem a pescar do que dar a ele um peixe-espada.
Hesitam, entretanto, quando se trata de deixar para amanhã o que pode ser feito hoje. Se eles não vão à montanha, a montanha vai até eles. Se um dá o braço a torcer, todos os outros fazem vista grossa. Na terra deles quem tem um olho é o chefe da tribo. Os rogérios brancos lavam roupa suja em casa. E isso lhes basta. Muito se tem dito sobre os rogérios. Há quem garanta que eles foram extintos porque deram um passo maior que a perna.
Mas como a vida imita a arte e vice-versa, ad eternum, olho por olho, dente por dente, um deles foi apanhado em flagrante quando fazia das tripas, coração. Em tempos difíceis os rogérios escasseiam. Dizem as más línguas que eles estão apenas semeando vento pra colher tempestade, lá onde o diabo perdeu as botas. Subitamente, sem que ninguém perceba, eles reaparecem. São aqueles que estão lá no fundo da fotografia, com um cravo na testa e um passarinho no ombro. Mas isso já é chover no molhado. Enfim, há uma infinidade de rogérios dias. Um por todos, todos por um. Sempre.