Terminada a II Guerra Mundial foi instalado o Tribunal de Nuremberg, também internacional, composto por juristas dos países aliados vencedores, para julgar os criminosos nazistas. O Brasil vinha de ditadura sanguinária, a de Getúlio Vargas, a repressão comandada pelo general Filinto Müller, chefe de polícia, que, criticado, nunca foi punido, porque aliado aos militares e civis que derrubaram Vargas e se estabeleceram tranquilos na democracia que nasceu por ordem dos que administraram a ditadura. O líder militar do ditador, general Eurico Gaspar Dutra, acabou eleito presidente da República. Um jornalista importante, famoso, David Nasser, escreveu na época um livro (disponível em PDF) sobre Filinto Müller, com o título figurado de “Falta Alguém Em Nuremberg”, indicando o equivalente maior do nazismo no Brasil.
Desde 2017 temos no mercado a biografia de Müller, “O Homem Mais Perigoso do Brasil”, de R. S. Rose, Civilização Brasileira; o livro tem falhas, mas é interessante e educativo. Como o tema aqui são os crimes contra a Humanidade e seus autores, um David Nasser atual escreveria o “Falta Alguém em Haia” sobre Jair Bolsonaro. Os maiores de 60 anos ouviram falar da ditadura Vargas, viveram a de 64 e quase passaram pela de Bolsonaro. Os inscientes, os inocentes e os indiferentes continuaram a eleger os Müller, Getúlio, Dutra, Médici e Bolsonaro. O Insulto continua a contar histórias da História do Brasil, seja por exibicionismo, seja para refrescar a memória, pois como nos ensinava a velha UDN (na edição de ontem ilustrada pela foto de Joice Hasselmann), “O preço da liberdade é a eterna vigilância”.