A quarentena de cinco dias no país em que “liberdade” vale mais que a vida

O presidente Jair Bolsonaro (PL) segue colocando o Brasil na contramão do mundo democrático com relação ao combate à pandemia de coronavírus. Em mais um capítulo de sua escalada negacionista, o Governo rejeitou adotar um passaporte da vacina para viajantes porque, segundo o mandatário, é preferível “morrer do que perder a liberdade”.

Essas palavras, ditas nesta terça-feira em discurso no Palácio do Planalto, em Brasília, foram horas mais tarde respaldadas pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. “Às vezes, é melhor perder a vida do que perder a liberdade”, repetiu durante a entrevista coletiva. Até o momento, quase 615.000 vidas foram perdidas para a covid-19 no Brasil, segundo os dados computados pelo Ministério da Saúde. Uma cifra que parece não ser suficiente para que as principais autoridades brasileiras adotem medidas preventivas.

Com a chegada da variante ômicron, que colocou o mundo em alerta diante de uma cepa possivelmente mais transmissível, o Brasil preferiu deixar que viajantes estrangeiros e brasileiros continuem entrando no país mesmo sem vacina. Para esses casos de indivíduos não imunizados, será exigida uma quarentena de cinco dias, seguida de um teste RT-PCR. Caso o resultado dê negativo, o passageiro estará livre para circular em solo brasileiro.

Convém ressaltar, porém, que sem a vacina o risco de infecção e transmissão é maior e contribui para manter o vírus circulando entre a população. O presidente sabe disso, como deixou claro nesta terça em seu discurso no Palácio do Planalto. “Nós vemos uma briga enorme aqui agora sobre passaporte vacinal. Quem é favorável, não se esqueça: amanhã alguém pode impor algo para você [a] que você não seja favorável. E a gente pergunta: quem toma vacina pode contrair o vírus? Pode e contrai.

Pode transmitir? Sim e transmite. Pode morrer? Sim, pode, como tem morrido muita gente, infelizmente”, afirmou. E continuou: “A gente pergunta: por que o passaporte vacinal? Por que essa coleira que querem colocar no povo brasileiro? Cadê a nossa liberdade? Eu prefiro morrer do que perder a minha liberdade”, disse Bolsonaro.

Felipe Betim

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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