Festival de Besteiras que Assola o Paraná

Neste primeiro de janeiro, estava posto em sossego lendo o livro FEBEAPÁ ­ 1, 2 e 3 ­de Stanislaw Ponte Preta, quando quase caí da rede, de tanto rir: estava lá uma crônica com o título de “Depósito Bancário”, contando o caso de um cidadão que se acrocou no banco do Ney Braga para fazer um excepcional depósito. Stanislaw Ponte Preta era o alter-ego de Sérgio Porto, que foi um dos maiores humoristas do Brasil e criador do FEBEAPÁ ­ o Festival de Besteiras que Assola o País, criado em 1966. O caso é o que segue:

Coisas ótimas têm ocorrido no Estado do Paraná, prenhes de belas demonstrações da ala paranaense do Festival de Besteira que Assola o País (FEBEAPÁ). Principalmente depois que o Coronel Pitombo resolveu ser crítico de cinema de araque e vive de viatura a rodar de um cinema para outro, apreendendo filme que tem beijo.

Tem cada cara dodói, que eu vou te contar.

Mas o episódio para o qual peço espaço foge um pouco ao comum e tem provocado os mais variados comentários em Curitiba, onde o pessoal inscrito no Sindicato da Gozação se diverte a valer. Deu-se que Curitiba tem agora um banco bacanérrimo, todo de vidro, que parece até um aquário com os peixinhos (funcionárias) lá dentro. Claro que é um banco da turma do Nei Braga, conhecido pela plebe ignara e pelos depositantes em geral, pela sigla

Banímpar.

Tão alinhado é o banco que passou até a ser visitado por turistas michurucas, isto é, curiosos que ficam do lado de fora, olhando pelo vidro o pessoal lá dentro. E eis senão quando ­ movido por vingança ou simples maluquice (até agora não foi apurado) ­ um cidadão entrou no banco com vontade de ir ao banheiro mas, ao invés de se encaminhar para o dito, usou o tapete da entrada principal, onde deixou um montículo constrangedor e provocou o maior pânico. Na hora em que produzia o montículo o movimento era intenso, houve correria de senhoras, protesto de senhores, o gerente ficou indeciso e quase dá o alarma de assalto, mas depois recuou porque o que o cara estava fazendo no tapete não era assalto não. Enfim foi uma confusão dos diabos.

O cara que fez o estranho depósito no banco do Nei Braga está preso, mas chovem os comentários jocosos. Dizem que, no ato do depósito, telefonaram para o governador contando o fato e usando o verbo vulgar para definir o que o cara fizera “pra o banco”. E o governador gritou:

– Mas isto é um problema do SUMOC! (N.R.: autoridade monetária antes do Banco Central) ­ provavelmente achando que o verbo fora usado no sentido figurado.

Outros gozadores afirmam que o Coronel Pitombo está investigando para ver se não é agente comunista o autor da façanha, já que o apelido de Pitombo agora é “007 de Curitiba”. E há quem afirme que o guarda que foi colocado na porta do Banímpar é para impedir que o caso se repita. Há quem afirme que o guarda foi posto ali para fornecer papel aos próximos depositantes.

De qualquer forma, foi um escândalo danado. Tento ­ inclusive ­ o banco fechado, logo após o acontecimento. Uns dizem que fechou para balanço. Outros dizem que fechou para descarga.


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Em homenagem a Stanislaw Ponte Preta ­ e à estupidez ora reinante nestas araucárias -, a partir de hoje vamos registrar as façanhas de nossos patetas de primeiro escalão com o nome de

FEBEAPAr (Festival de Besteiras que Assola o Paraná).

Dante Mendonça [03/01/2008]O Estado do Paraná.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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