O ensaio se divide em três partes. A primeira, “Um clássico contemporâneo”, nos conta como Leminski viveu e reproduziu a agoridade absoluta do mundo atual, como seus textos pensantes amalgamaram influências até atingir uma essência própria na tradição dos inventores da linguagem. Também as estações da vida-obra do poeta aparecem num registro desde a primavera da infância, o verão na onda da Tropicália, o outono, momento da “desova”, até o inverno, do Leminski “parnasiano chique”, já fragilizado pela doença que o levaria em 1989. “Habitante da linguagem”, a segunda parte, traz uma análise da poética leminskiana, marcada pelo rigor & delírio da escrita. E a última, “Besta dos pinheirais”, investiga como Leminski, num embate de forças como a “mística imigrante do trabalho” e a “autofagia araucariense”, absorveu a cidade de Curitiba em sua obra, e como Curitiba foi absorvendo a obra do seu poeta maior.
Complementa a publicação a “Biogeografia Literária” que, com fotos e breves textos, nos leva a seguir as pegadas de Leminski por Curitiba, da maternidade em que nasceu, às casas em que morou, até os principais lugares que costumava frequentar. Por fim, a entrevista que Leminski concedeu a Rodrigo em 1983, quando o conheceu. Ao nos aproximar de alguém que, num grau máximo, defendeu a ligação da poesia e da vida, Foi tudo muito súbito: um ensaio sobre Paulo Leminski nos oferece uma profunda experiência de leitura e reflexão. Ao final do ensaio, o autor, Rodrigo Garcia Lopes, nos lembrará que nunca mais vai haver outro Paulo Leminski. Outro não. Mas o nosso polaco loco paca, único e pulsante como seu texto, ora é reavivado, belamente, e nos chega às mãos.