Os protagonistas da festa foram uma víscera do primeiro chefe de Estado do país e uma extremidade do último
As celebrações do duplo centenário do Brasil parecem ter revelado o que muitos temiam: aos 200 anos, o país está gagá. Primeiro, o presidente recebeu no Palácio do Planalto uma víscera vinda de outro continente. Depois, discursou perante uma multidão de apoiadores e se gabou de ser “imbrochável”.
Apesar de falarmos a mesma língua, em Portugal nós não usamos a palavra “imbrochável”, por isso tivemos de recorrer ao dicionário. O que significaria? O que poderia um chefe de Estado estar a se vangloriar de ser, no bicentenário do seu país? Corajoso? Responsável? Sensato?
Todo aquele sangue que manifestamente não está a irrigar o cérebro tem de ter ido para algum lugar. Por outro lado, mesmo antes de encomiar a sua própria potência, Bolsonaro elogiou a pujança da economia brasileira e afirmou que a inflação “está despencando”.
O mais irônico, no entanto, é que, quando vejo o vídeo em que Bolsonaro proclama a sua potência sexual, eu perco um pouco da minha.
Em resumo, os protagonistas do bicentenário do Brasil foram uma víscera do primeiro chefe de Estado do país e uma extremidade do último. Não se pode dizer que tenha sido uma festa tradicional.
Festas de aniversário, sobretudo de aniversariantes de idade vetusta, como era o caso, costumam ter menos referências a miudezas. Parecia mais uma despedida de solteiro.