Aglomerígenas

Assim como a Ufologia classifica os níveis de encontros imediatos entre seres humanos e alienígenas, a Fragalogia ordena a proximidade entre pessoas e aglomerígenas. A seguir, os impactos dos graus de contato com idiotígenas, imbecilígenas, estupidígenas e outros exemplares de vida não-inteligente ao redor.

Aglomeração de 10º grau: mídia. É quando se toma conhecimento dos aglomerados à distância. Por fotos, vídeos e notícias se constata a ameaça: multidões nas ruas, no comércio, em lugares públicos. Mesmo de longe é de apavorar: são centenas, milhares, milhões.

Aglomeração de 9º grau: vista da janela. É a prova mais real de que estamos cercados de aglomerígenas. As visões diárias confirmam: a cada dia aumentam. E lá de embaixo já miram você no seu andar.

Aglomeração de 8º grau: olho mágico. As evidências do lado de fora da sua porta assustam: sons, ruídos, falas. Você segura a respiração, espia e vê figuras amontoadas na área comum, saindo ou entrando nos seus apês. Parecem vizinhos, mas a ausência de máscara indica: aglomerígenas!

Aglomeração de 7º grau: elevador.
Quem necessita de saída eventual começa a correr riscos logo ao descer ou subir. O típico alienígena, embora com máscara, vai querer entrar no mesmo elevador que você. Para sobreviver ao risco, basta ceder a vez.


Aglomeração de 6º grau: calçada. N
a rua, as chances de contato são temíveis: circular a pé exige reconhecer os diferentes pedestrígenas. Com ou sem máscara, vêm direto na sua direção. Esbarrões e espirros, tosse e perdigotos são seus meios de contágio. Desviar é viver.

Aglomeração de 5º grau: mercadinhos, farmácias, academias, salão de beleza, agências bancárias etc. É inevitável entrar num ninho de aglomerígenas. No mix de clientes, se identifica os monstros: não respeitam o distanciamento, encostam uns nos outros. Isole-se.

Aglomeração de 4º grau: shoppings, supermercados, restaurantes, transporte público etc. Quanto mais cheio, pior o perigo. Pro consumismo existe vacina: uma dose de força de vontade. Pro aglomerígena só existe o negacionismo.

Aglomeração de 3º grau: praias e parques lotados, salas de aulas. Quem se mete nessas circunstâncias já foi abduzido.

Aglomeração de 2º grau: festas de aniversário, baladas, ajuntamentos junto a bares, sexo com desconhecidos. Em ambientes assim, a morte não manda recado: entrega pessoalmente.

Aglomeração de 1º grau: suruba com estranhos. Roleta-russa com tambor cheio. E ao sair dali, cada aglomerígena vai continuar atirando por dias e dias em desavisados.

Com ou sem pandemia, sensatos são os ermitões.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Sem categoria. Adicione o link permanente aos seus favoritos.
Compartilhe Facebook Twitter

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.