Nada para impedir foi feito. No lugar disso, crendices e charlatanismos como a recomendação de “tratamento precoce” e envio de cloroquina. Documento de maio do ministério da saúde fala em “situação crítica enfrentada pelo estado do Amazonas em decorrência da pandemia da covid-19”
Aírton Antônio Soligo, o Aírton Cascavel, assessor especial do general Eduardo Pazuello, ministro da saúde desde 16 de maio, aparece na tabela de despesas da pasta com viagem marcada para a capital amazonense entre os dias 3 e 5 de maio de 2020 (Pazuello já era secretário executivo do ministério, cargo que desempenhou desde 28 de abril até 16 de maio).
Descrição do motivo de deslocamento: “a situação crítica enfrentada pelo estado do Amazonas em decorrência da pandemia da covid-19”.
Há algo mais inusitado ainda no requerimento de passagens Brasília/Manaus/Brasília e diárias para o homem forte do general Pazuello: Airton Cascavel não havia sido nomeado no ministério quando a ida foi marcada, o que só iria acontecer mais de um mês depois, em 24 de junho. Tradução: o enviado do ministério para resolver “a situação crítica” de Manaus sequer cumpria os aspectos regulares para desempenhar tal função.
Nomeado somente tempos após já estar ocupando funções na pasta, circulando desenvolto, dando ordens e agressivas reprimendas nos servidores, conforme relatos feitos para a reportagem. A viagem acabou não sendo realizada, apesar de agendada, como mostra o “Portal da Transparência”.