Foto de Renato Renas Keller
Frágil, bela, rara feito porcelana de importante dinastia, ela carrega também o contraditório de ser tudo isso e ser mais: guerreira, forte, indestrutível, feito diamante que não se deixa riscar por nada. Tem humor diferente. Ácido. Revela sem dizer e expõe as ridicularias humanas de um jeito divertido. Ela percebe o mundo à sua volta, porque tem os sentidos abertos e a antena sempre a funcionar em todas as sintonias. Em seus cliques, faz a revelação do humano, desde o caminhar de uma mocinha da cidade até o sono rendido de quem tem marquise como casa – é a descortinação da cidade, porque sabe de nossa província e seus personagens anônimos e mais importantes que qualquer um com nome conhecido, ela sabe quem é que faz, de verdade, o mundo girar.
Repórter por conta própria nos municia, generosa, o fazer conhecer as árvores, flores, paisagens, telhados, placas, muros, faixas, monumentos, todo e qualquer fio que tece esse grande tapete em que pisamos, pisamos e pisamos todos os dias, e que muitas vezes precisamos dela para saber, para ver.
Lina Faria, nada objetiva, cheia de conversas, de caminhos, de paixões, de olhares. Ela, que agora é avó, continua menina, parece borboleta que acaba de sair do casulo e se espanta com o mundo. Não perdeu a espontaneidade do gesto e acorda com o olhar atento a tudo que para muitos se tornou trivial. Lina não é trivial, Lina é, todos os dias, original.
Adriana Sydor – Revista Ideias, 158|Travessa dos Editores