O INGLÊS ADOTA a forma intransitiva do verbo ejaculate. Reproduzo: To utter suddenly and passionately; exclaim – falar repentina e apaixonadamente, exclamar. Os léxicos do português – confiro o excelente Dicionário Prático Ilustrado, de Portugal – trazem a definição: “Emitir, lançar com força para fora de si”. Ela tanto vale para a ejaculação consagrada no uso e sonhada no desuso, quanto o sentido figurado, que o dicionário também trás: “Proferir: ejacular tolices”.
Nosso presidente Bolsonaro tem ejaculações, tão frequentes quanto precoces. Ejaculação precoce, todos sabem, é aquela que acontece antes do tempo e fora do modo. Deixam a sensação de frustração aos envolvidos, ativa e passivamente. Não entro na vida sexual do presidente, nem quero, não me interessa, embora seu uso frequente de metáforas envolvendo sexo, mulheres e homossexuais seja um prato cheio para analistas freudianos. Fico na vida verbal do presidente.
Na vida verbal nosso presidente ejacula no sentido clássico latino do verbo ejaculare e no sentido figurado expresso nos dicionários: despeja opiniões de jato, sem pensar no conteúdo e nas consequências, fora de hora, fora do lugar, manchando o espaço adjacente. Têm dúvida? Confira quando desmente ministros em público, a quem sequer chama para puxar as orelhas e impor o desmentido, como nos casos do aumento do diesel e da criação de impostos.
O presidente envereda pelas, digamos, ejaculações poéticas.O que foi aquele improviso em plena cerimônia do ministério da Educação, quando alertou para o risco da perda do pênis, dos dez mil sacrificados no Brasil apenas pela falta de “água e sabão”? Não fica por aí, há essa recente advertência que deveria estar nos guichês da imigração, em pôsteres nos aeroportos: “Estrangeiro, no Brasil só pode comer mulher. Comer homem é como maionese: só em casa”. O presidente não governa. Só pensa naquilo.