Greca fica com o “troféu teatral” no debate

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© Myskiciewicz

Da coluna de Aroldo Murá

Ampliando o olhar deste espaço sobre o debate da BAND entre os candidatos a prefeito de Curitiba, de segunda-feira, chego a algumas novas conclusões. Dessa forma, vou além do factual registrado na data de ontem, 24, quando mostrei ‘flashes’ do programa da Bandeirantes.

Neles, captei só alguns “momentums”. Hoje analiso aspectos subentendidos de certos desempenhos. E outros, meridianamente diretos, mas que havia omitido.

Assim, revendo a gravação do debate, me é impossível não registrar que, se o prefeito Gustavo Fruet foi o “preferido” alvo de todos os candidatos, e por isso, não se saiu bem nas respostas, açodado pela ânsia de ser preciso, acredito que o ‘troféu teatral’ da noite ficou com Rafael Greca de Macedo.

Os maldosos dizem que a Greca caberia o “troféu clown”. Pode ser.

Mas digo teatral sem deixar de reconhecer – e até por isso – a enorme habilidade com que esse engenheiro, ex-prefeito, ex-deputado, trabalha a memória das falas altissonantes, retumbantes, a palavra apropriada para cada situação, tudo como se estivesse possuído por uma entidade engraçada, ou o espírito daqueles personagens medievais que divertiam as festas regadas a Baco e comilanças.

Provocando com constâncias seus possíveis mais fortes adversários – Fruet e Ney Leprevost – Greca de Macedo derreteu-se, não foi surpresa, diante do filho de seu ex-chefe e patrão, o senador Requião (afinal, ele não esteve lotado no gabinete de RR?), o jovem Requião Filho.

Nisso estaria de olho, é claro, numa possível aliança com o PMDB de RR num eventual segundo turno. Quer assegurar, desde já, o ‘placet’ do partido do qual afastou, o PMDB, com o temor (justificado) de que seria preterido pelo velho senador Requião no frigir dos ovos.

Ney Leprevost, que não é um candidato de se matar com a unha, foi capital, quando respondeu a uma das tantas ‘maldosas’ perguntas de Greca. Uma delas: – “seu pai foi da Copel”. (“Quanto a Copel repassa por mês à Prefeitura de Curitiba”, indagou Greca).

Leprevost foi impiedoso na resposta, dizendo que ele, Greca, com as gracinhas e pegadinhas que vinha distribuindo, num momento tão sério para se debater Curitiba, era então “candidato a substituir Jô Soares”.

Lembrem: Jô Soares está aposentado e deixando o “talk show” da Globo.

Veneri, o candidato do PT – que se saiu com boa performance no programa – fez a pergunta que qualquer ser pensante faria depois de ler o programa de governo de Greca: será possível asfaltar 3 mil quilômetros de ruas de Curitiba? Greca disse que sim.

LONGE DE LERNER

Em dissertações saudosistas, em “verdes” imersões no passado, em obras e marcas que não são exatamente suas, como a do Vale Creche (criado por Jaime Lerner e tocado por Fani Lerner), Greca em nenhum momento explicou direito as questões que assolam sua candidatura. Uma delas, a aposentadoria do IPPUC, onde não há registro de suas ações (se é que existiram) nem no tempo em que ganhou dos cofres da Prefeitura para o dolce far niente nos gabinetes de Requião e Renan Calheiros no Senado.

Claro que Greca não mencionou Lerner. O urbanista não quer saber do ex-pupilo. Tem seus motivos fortes e irrefutáveis. Mas Greca deu um jeito de citar Fani Lerner, como sua ex-secretária da Criança.

Gustavo Fruet tratou de livrar-se (e com todo direito) da acusação que a candidata Xênia, do PSOL anunciara: ela se disse única dentre os candidatos que não está vinculada à Lava Jato (nem seu partido).

O prefeito disse que nem ele. Lembrou foi com a ação dele, na CPI dos Correios e depois no Mensalão, que se gerou a Lava Jato.

O prefeito não poderia ser mais sincero do que foi : nada prometeu, além de que continuará – disse – a investir muito, e bem, em educação e saúde.

De perspectivas de sua administração, Gustavo anunciou, para setembro, a chamada Manifestação de Interesse, instrumento oficial que precederá a concorrência para o VLT, o veículo leve sobre trilhos, uma parceria público-privada. Importante para a mobilidade urbana.

Enfim, uma obra de vulto.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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