Hitchcock Blonde volta a cartaz

Chico Nogueira.

Edson Bueno.

Rafaella Marques e Edson Bueno.

Michelle Pucci.


Grande sensação de público e crítica do Festival de Teatro este ano, a peça Hitchcock Blonde volta a cartaz em Curitiba no Teatro José Maria Santos (R. Treze de Maio, 655), no período de 24 de julho a 17 de agosto. A montagem da Cia. Vigor Mortis – dirigida por Paulo Biscaia Filho – é a primeira versão em português do texto do dramaturgo inglês Terry Johnson no Brasil e conta a história de Alex (Edson Bueno), um professor de cinema que convida Nicola (Rafaella Marques), uma jovem e atraente aluna, a Grécia afim de desvendar um mistério sobre uma série de latas de filmes que indicam um trabalho desconhecido do célebre cineasta Alfred Hitchcock (Chico Nogueira). Os fragmentos da obra começam a revelar o princípio da obsessão de Hitchcock por loiras fatais. Ao mesmo tempo, acompanhamos em flashback o próprio Hitchcock e a sedução de uma atriz de cabelos platinum blonde (Michelle Pucci) cuja ambição pelo estrelato formará uma rede de crimes, neurose e sexo. As sessões acontecem de quarta a sábado, às 21 horas e no domingo às 19 horas.

A MONTAGEM

O projeto da montagem do texto Hitchcock Blonde teve em um ciclo de leituras dramáticas, promovido pelo Teatro Guaíra, quando o diretor Paulo Biscaia Filho encenou o trabalho de Terry Johnson como ensaio aberto. O resultado tanto estético da encenação – ainda que parcial – foi extremamente empolgante por sua possibilidade de criar efeitos de magia visual típica do cinema no palco. A reação do público ao texto foi também um grande elemento catalisador para a criação deste projeto. Tanto na reação imediata durante a apresentação da leitura, como no debate posterior, o público ali presente mostrou-se extremamente seduzido pela proposta de linguagem da obra.

Além destes fatores, o texto mostrou-se uma base fantástica para a continuidade do trabalho de pesquisa do grupo Vigor Mortis na integração de linguagens que teve início com o espetáculo Morgue Story que recebeu 5 Troféus Gralha Azul, a principal premiação de teatro no Paraná, incluindo Melhor Espetáculo, Melhor Diretor, Melhor Sonoplastia, Melhor Texto e Melhor Ator. A companhia voltou a ganhar outros três “Gralhas” (Melhor Espetáculo, Diretor e Texto) em 2006 com o espetáculo Graphic, que também foi indicado ao Prêmio Shell (o mais importante prêmio de teatro do Brasil) para Melhor Autor. O nome e a estética do grupo já ficaram conhecidos e tiveram uma das mais salientes respostas de mídia em diversos festivais pelos quais passou (FILO, rio cena contemporanea, Recife, Cuiabá, Brasília, Curitiba, entre outros) com extensas matérias nos principais veículos de comunicação que cobriam o evento.

A integração orgânica entre linguagens já é um ponto de estudo presente nos trabalhos anteriores da Vigor Mortis e em trabalhos de pesquisa atuais. Este conhecimento artístico e técnico já adianta algumas etapas da pesquisa, facilitando assim a passagem para uma fase de produção criativa na execução do projeto. Esta linguagem ágil e dinâmica surgiu no grupo como uma resposta ao que o grupo via como uma clara apatia do teatro e principalmente do público que vai ao teatro. Sentia-se a necessidade de uma sede por estéticas diferentes nos palcos locais. Morgue Story foi uma tentativa bem sucedida neste aspecto. Quando a montagem estreou, o grupo anunciou a peça como um “teatro para quem não gosta de teatro”. Uma frase de efeito que tinha como fundo uma espécie e ponte entre o que pode motivar uma pessoa a ir ao teatro e o que o espetáculo pode oferecer.

Aos poucos tanto amantes de teatro como pessoas que raramente freqüentam teatros foram lotando as temporadas da montagem. Hitchcock Blonde vem a continuar esta proposta de estreitamento entre a demanda do público, inovação e também surpresas.

Serviço: Hitchcock Blonde. Realização: Vigor Mortis. Texto de Terry Johnson. Tradução, direção e vídeos de Paulo Biscaia Filho. Elenco: Edson Bueno, Rafaella Marques, Chico Nogueira, Michelle Pucci, Marco Novack e Mariana Zanette. Nova temporada de 24 de julho a 17 de agosto no Teatro José Maria Santos (R. Treze de Maio, 655). Sessões de quarta a sábado às 21h. Domingos às 19h. sessão extra dia 13 de agosto (aniversário de Hitchcock) às 21h. Ingressos: Quintas e quarta(13/08): R$5 e R$2,50 (meia entrada). Sexta, R$10 e R$5 (meia entrada). Sábado e domingo, R$14 e R$7 (meia entrada).

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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