Entre os mortos, cartunistas que eu amava, Cabu e Georges Wolinski. Os terroristas gritavam “Alá é grande”. Revidavam à publicação de charges do profeta Maomé, em 2011. Foi também um atentado contra a liberdade de expressão. Fanáticos de qualquer catadura não aceitam outra verdade que não seja a sua. Na época, a ira de alas muçulmanas radicais lançou um atentado a bomba contra a publicação.
Bem, creio que depois de tanta barbárie ninguém mais, com exceção dos cínicos e dos idiotas, se dá ao prazer ingênuo de acreditar na simpática teoria de Francis Fukuyama do “fim da história”. Se a História chegou ao fim, como ainda pregam alguns cérebros avariados, o fanatismo islamita mostrou-se disposto a iniciar um novo capítulo. A verdade é que é preciso pensar um pouco mais esse fenômeno contemporâneo da emergência do terror sempre que se rompe a costura entre dois tecidos culturais diferentes, embora às vezes tão próximos.
Os terroristas islâmicos atiram em homens, mulheres e crianças, incendeiam aldeias, destroem tudo o que podem. São capazes de invadir escolas onde meninas estudam, porque em sua concepção mulheres não devem ter acesso à educação e devem se nutrir apenas da interpretação particular que fazem do Corão. Eles matam seus inimigos, os degolam e mostram seu ato pela internet e pela tevê. Querem nos dizer que todos os que não comungam suas ideias correm o mesmo risco.
Fábio Campana|Revista Ideias