O DETRAN avisa que posso renovar a carteira de motorista. Melhor, não. Todo dia tem acidente de trânsito, coisas absurdas, barbeiragem, alcoolismo, excesso de velocidade, desrespeito à sinalização. Sabe quem aparece no noticiário, sempre o mesmo? Um tal de idoso. Que tem nome, idade, geralmente um carrão. Pode ser culpado ou inocente, vítima ou causador, mais idoso ou menos idoso, pouco importa, o relatório da PM sempre fala do idoso, um genérico de pessoa imprestável; e a notícia vem no português ginasiano do Banda B. É muita humilhação. Nunca tive problema no trânsito. Aliás, meus problemas são com o carro parado, na garagem de casa, em manobras.
E vítimas, ainda que inocentes, são a parede, o parachoque, o meu bolso – e minha autoestima. Ali não tem relatório nem agente de trânsito. Ainda semana passada aprontei uma dessas. Mas sem testemunhas. Os vizinhos podem até me chamar de barbeiro ao verem o estrago. Mas de idoso, ninguém. Porque a maioria é gente mais velha, portanto, mais idosa. Eles mais as mães deles.