Ingratidão, essa quimera

JAIR BOLSONARO divulga nota em que assegura “confiar irrestritamente no ministro Moro”. Resposta – atrasada – às conversas entre o então juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol durante a Operação Lava Jato, divulgadas pelo site The Intercept Brazil.

Diria o quê? Que não confia? Então deveria demitir o ministro. Portanto, dizer que confia é chover no molhado. E a confiança declarada não é ao juiz, é ao ministro. Se falasse um ai do juiz seria ingratidão da grossa. O juiz Moro foi decisivo na eleição do presidente.

Importante, decisivo mesmo neste momento é quanto dura a gratidão do presidente ao seu ministro. Se a fritura do ex-magistrado e a paralisia consequente ao processo das reformas resiste à dívida política do presidente com seu ministro, em vias de se tornar um cadáver insepulto.

Na política a gratidão, ou a dívida, opera num equilíbrio delicado, instável, com o instinto de sobrevivência pessoal do político. No limite do equilíbrio, o instinto pesa mais e sacrifica a gratidão. Bolsonaro já deu mostra disso ao sacrificar o ministro Gustavo Bebianno, a quem muito deve na eleição.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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