É a cor, idiota

Como pífio consolo na baixa autoestima, digamos que o problema está na cor, melhor, nas cores; os catarinenses são barrigas-verdes; os paranaenses, pés-vermelhos. Se o leitor quiser o consolo da loucura que nos consome, o verde está na bandeira bolsonarista, o vermelho, na bandeira do PT.

ERA SÓ o que nos faltava, atropelados por Santa Catarina. Mais uma vez. Se alguém discorda, vá aos livros. Agora somos atropelados no PIB, os catarinas em terceiro, os paranadas em sexto. Santa Catarina emancipou-se como Estado antes do Paraná, deu senadores mais atuantes que os do Paraná, deputados, então, nem se fala. Teve até um presidente catarinense, ainda que temporário durante crise constitucional que afastou o titular. O Paraná – ai como dói lembrar – deu o senador Oriovisto Guimarães, que enriqueceu educando os filhos dos outros e não aprendeu nada. Deixo de comparar Álvaro Dias com Jorge Bornhausen e Flávio Arns com Esperidião Amin porque seria covardia com os nossos e ofensa com os catarinenses.

Os imigrantes europeus chegaram lá bem antes. Nem vamos falar de praias, que a natureza se encarregou de dar mais e melhores para os catarinenses. Se a vergonha fosse maior, diríamos que o sotaque catarinense é melhor que o nosso. Acontece que sotaque é questão de ouvido, nada mais. Óbvio que há explicações científicas, econômicas, políticas, gastronômicas, mesmo sexuais para o PIB catarinense deixar o nosso a engolir poeira. Mas as explicações terão que esperar a pesquisa que os doutores da universidade do Paraná divulgarão daqui a vinte anos, já ultrapassadas pelo PIB catarina que poderá estar em primeiro e o paranaense ali pelo décimo-terceiro. Sobre as universidades, a catarinense produz mais que a do Paraná.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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