Nada de se queixar de frio no trabalho. Lá fora faz a mesma temperatura para os desempregados.
No inverno, chegar é meio caminho para aconchegar.
Frio de 5º. O mínimo que se pode fazer pelos termômetros é pôr cachecol no pescoço deles.
No rigor deste inverno, a vingança é um prato de sopa que se toma tépido.
No tempo em que Deus dava o frio conforme o cobertor, o desamparo social não dava esse povaréu todo nas ruas.
Ao ver a luz gelada no ar, o rigoroso inverno ficou tão excitado que teve uma estalagmite.
A temperatura baixou tanto no sul que já foram vistos vários carros circulando com suas calotas polares.
No frio do sul, a cobertura jornalística procura os sem-teto, quando o que esses querem é ser procurados por cobertores.
No inverno, a sensação térmica castiga a todos, mais ainda quem tem o salário congelado.
A campanha do agasalho funciona mesmo: a gente não vê publicitário passando frio.
Nas noites de inverno, dorme-se com esse verão portátil – o split.
Para os corruptos e fraudulentos, Deus dá o frio conforme o acobertador.
Por mais dura que seja a realidade invernal, de noite ela ainda serve de colchão sob as marquises.
No inverno, praia de nudismo é uma pouca vergonha: todos chegam agasalhados.
Comércio reabre e deve haver duas liquidações de inverno: nas lojas e nos hospitais.
Um cafezinho tem o seu valor no inverno. E as cafeterias já estão explorando o consumidor.
No inverno, se acentuam os altos e baixos sociais: para uns, Aspen, Bariloche, Saint Moritz; para outros, submundos e subterrâneos.
Em certos dias de inverno nos pampas os termômetros tomam sorvete de mercúrio.
No Pólo Norte, às vezes a temperatura cai tanto que chega ao Pólo Sul.
Como diria um gaúcho com chimarrão: a temperatura é de água quente de chaleira mas a sensação é de garrafa térmica.
A geada é o orvalho sem delicadeza alguma.
No inverno, tem gente que sonha em vão: em vão de marquises, em vão entre prédios, em vão de viadutos.