A permanência de Prates no comando da Petrobras deve-se, principalmente, ao ministro Fernando Haddad (Fazenda), apesar da pressão feita por Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil). Mas a permanência, como mostrou o Bastidor, não é garantida.
Prates não conta mais com o apoio irrestrito da FUP (Federação Única dos Petroleiros), nem da Anapetro (Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários), que têm forte ligação com o PT.
As notas públicas recentes da FUP, mesmo em defesa do presidente da estatal, deixam margem para interpretações de que uma eventual saída não teria forte oposição da federação.
No ápice da crise entre Prates e Silveira, a FUP criticou o “espancamento público do presidente da Petrobras”, mas não citou o ministro de Minas e Energia, responsável pelas maiores críticas públicas ao petista.
Os petroleiros também foram contrários à posição de Prates em relação à distribuição de dividendos extraordinários. O governo queria usar os recursos para investimentos, Prates defendia a distribuição aos acionistas.
A FUP se alinhou ao Palácio do Planalto. Disse que as cifras estavam altas e que a gestão da empresa “não pode ficar refém do jogo do mercado financeiro, frustrado pelo não pagamento”, além de elogiar a decisão do governo de ter um representante do Ministério da Fazenda no conselho de Administração para “dar equilíbrio às decisões”.
Ontem, o conselho de Administração da estatal decidiu distribuir aos acionistas 21,95 bilhões de reais, referentes a 50% do valor avaliado para os dividendos extraordinários. A solução não foi considerada pelo governo e pelos petroleiros como a ideal, mas sim como a menos traumática.
Na gestão Prates, a Anapetro e a FUP chegaram a levar à CVM (Comissão de Valores Imobiliários) uma denúncia de supostas informações privilegiadas e da possibilidade de manipulação do mercado após uma entrevista do presidente da Petrobras.
Assim como o governo, os petroleiros cobram do petista investimentos na transição energética, retomada da indústria naval com conteúdo nacional e mudanças mais efetivas na política de preços dos combustíveis. Sem uma mudança de postura, a pressão sobre Prates continuará.