JORGINHO MELO, governador de Santa Catarina (PL), mandou recolher livros das escolas públicas. Na maioria destacam-se best sellers estrangeiros. Não explicou o porquê, muito menos o que vai fazer com os livros, limitando-se a afirmar vagamente que decidirá o destino no futuro. Eis alguns títulos: Donie Darko”, de Richard Kelly; “Coração Satânico”, de William Hjortsberg; “Lorraine Warren. Demonologistas; Arquivos Sobrenaturais”, de Gerald Brittle; “Exorcismo”, de Thomas B. Allen. A relação das obras entregues aos leitores infanto-juvenis é retrato da Santa Catarina que resgatou seu passado filo-nazista na adesão bolsonarista de seu eleitorado. Não que se perca muito com a retirada dos livros, lixo editorial na maioria.
Não faz sentido retirar livros sem os substituir pelos que seriam adequados, escolhidos por profissionais de educação e de pedagogia. A leitura não se presta só para instrução e lazer; também serve para estimular a si mesma. O pior livro, excetuado o Mein Kampt, de Adolf Hitler, muito difundido em Santa Catarina, é melhor que nenhum livro; a leitura é a ginástica do cérebro, pois estimula o espírito crítico. No melhor estilo terra-arrasada de seu mentor Jair Bolsonaro, o governador não criou comissão para selecionar leituras e livros; quando o fizer, pode surgir o mal maior, os livros de Olavo de Carvalho, o guru bolso-fascista. Monteiro Lobato e outros clássicos, já atingidos pela censura do politicamente correto em escolas do Brasil, foram poupados da fogueira, a pira do governador.