Nesta eleição de agora ele ficou em terceiro lugar, com apenas 15% dos votos válidos, bem atrás do segundo colocado que se elegeu com 23%. Seu candidato ao governo, o sobrinho João Arruda, também recebeu baixíssima votação. Teve 13% dos votos, ficando em terceiro numa eleição resolvida no primeiro turno. Foi como uma resposta à desfeita de Requião com os paranaenses, ao passar os oito anos de mandato apoiando Lula, Dilma Rousseff e o PT no Senado. Depois de passar todo esse tempo envergonhando seu estado, ele levou o troco dos eleitores.
O projeto de lei de Requião é na base da grosseria e da gozação, o mesmo comportamento dele em qualquer cargo que ocupa. A lei escrita em tom de piada, mas usando os jargões técnicos, propõe perdão judicial para quem for flagrado em crimes eleitorais, contra a administração pública e o sistema financeiro nacional. É uma clara provocação ao juiz Sergio Moro, que assumirá o Ministério da Justiça no governo de Jair Bolsonaro e abandona a Operação Lava Jato. Em entrevista coletiva, ao comentar o recebimento de caixa dois pelo deputado Onyx Lorenzoni, o juiz minimizou a situação. No projeto de lei, Requião sugere que a lei passe a se chamar “Lei Ônix Lorenzoni”.
No projeto, ele afirma que propõe a lei com a intenção de que a mesma forma do “perdão” de Moro se estenda a Paulo Guedes, futuro ministro da Fazenda e “a todos aqueles que cometem crime eleitoral ou contra a administração pública ou contra o sistema financeiro nacional”. O documento apresentado na Comissão de Constituição e Justiça do Senado foi redigido por Requião todo em forma de piada. A comissão avaliará a constitucionalidade do projeto e está mais que claro que mandará essa baboseira para a gaveta. Porém, Requião vai aproveitar durante muito tempo este factóide para se gabar do que deve achar uma grande audácia. Para ele não importa de forma alguma que na verdade cometeu um grave desrespeito a uma função que, independente do azar de estar sendo ocupada por ele, é de grande responsabilidade, com um caráter institucional dos mais nobres.
Mas quem é que pode colocar juízo na cabeça de Requião? Os paranaenses conhecem de perto seus maus bofes. Já esteve duas vezes à frente do governo estadual, onde chegou beneficiado pelo desmonte político sofrido pelo país, que no Paraná é muito mais grave e já faz mais tempo que acontece. O resultado é que de vez ocorre a eleição de figuras grosseiras como ele, favorecidos pelo desgaste dos outros. No poder estadual, Requião já ofendeu professores universitários, xingou manifestantes e jornalistas, vivia agredindo as pessoas e chateando o próximo com piadas cretinas e invasivas. Por isso, em pelo menos duas ocasiões chegou a tomar uns tapas de gente que se incomodou. E nesta eleição os paranaenses resolveram dar um basta à chateação.
Requião já estava, como se diz, aprontando o terno para a posse, até que os paranaenses lhe deram um exemplar chega-pra-lá, pelo qual o daqui a pouco ex-senador chorou as pitangas de um jeito que fez amolecer até o coração da também quase ex-senadora Gleisi Hoffmann. Ela nem tentou se reeleger para o cargo. É comovente ver um vídeo em que Gleisi diz que na luta para prejudicar Requião os adversários chegaram até a ressaltar sua ligação com o PT. Sim, ela disse isso. Não é fake news. No Paraná o PT é tão rejeitado que faz até a presidente do partido cometer uma gafe dessas. Mas a partir de janeiro Requião terá um longo tempo para se dedicar a seus parceiros. Totalmente desocupado e com residência em Curitiba, não custa nada ele passar todos os dias por perto do prédio onde Lula está cumprindo pena, para saudar pelo megafone seu amigo, por mais um dia de cadeia do criminoso mais famoso do país.