No entanto, cabe apontar que a notificação de Maria do Rosário que Gentili enfiou na cueca era para processá-lo por uma piada, uma das tantas que não só ele, mas outros comediantes e youtubers fazem hoje em dia com políticos de qualquer posição, inclusive na zoação de direitistas como o presidente Jair Bolsonaro. Sempre mal-humorada, a deputada petista não achou graça e ainda acreditou que poderia intimidá-lo.
Com essa condenação absurda, Maria do Rosário segue na sua tarefa histórica de fabricar falsos mitos com suas contraposições sem nenhum senso estratégico nem sequer tático, independente dela ter ou não razão. O problema é que a deputada petista não tem senso de medida nem sabe avaliar o risco dos efeitos contrários à sua disposição em levar a melhor em qualquer situação. Isso é próprio da turma do PT, como se viu na balbúrdia de sua bancada no Senado durante o processo de impeachment, na louca estratégia de defesa que serviu para acelerar a queda de Dilma Rousseff.
Foi também dessa forma que Maria do Rosário deu início ao processo de crescimento do prestígio de Jair Bolsonaro, com aquela discussão estúpida em 2003, quando interrompeu uma entrevista do então deputado do baixo clero chamando-o de estuprador. Houve o grosseiro revide dele. E o resto é História. Desse vídeo, seguiu-se uma movimentação política e de comunicação que alavancou o prestígio de Bolsonaro até chegar à sua eleição para presidente da República.
O efeito dessa ação agora da deputada petista é o de fazer de um apresentador de um programa de entrevistas e humorista de qualidade discutível um paladino da defesa da liberdade de expressão. Não dá para prever que um dia ele possa alcançar a Presidência da República, embora seja difícil supor que possa ser pior do que Bolsonaro como presidente. Mas o fato é que com o destaque dado a Gentili por esta ameaça de prisão, Maria do Rosário repete o feito de conceder a um adversário mais mérito do que ele merece.