É interessante a coincidência entre o placar desta votação e a de outro indicado que também não tinha os predicados para ser ministro do STF. Aliás, não os tinha para ser juiz de lugar algum, já que havia sido reprovado em dois concursos da magistratura paulista. Estou falando de Dias Toffoli, que tem tudo para fazer uma boa parceria com Marques, até porque ambos subiram na vida graças ao PT.
A indicação de Toffoli foi confirmada em setembro de 2009 por 59 votos a favor, nove contrários e três abstenções. A votação em Marques foi de 57 votos a favor, 10 contra e uma abstenção. E olha que a composição atual do Senado tem uma ligeira diferença com a de 2009.
O indicativo parece ser o de que no Senado só se deve contar com cerca de 10 parlamentares que decidam assuntos importantes tendo em vista ao menos a lógica. Bem, pelo menos fica-se sabendo um motivo essencial do Brasil ir se afundando em um atraso que está próximo do irremediável, que é a falência da classe dirigente. Na vida pública ou na iniciativa privada, em termos de capacidade e de visão, o cenário é de terra arrasada.
Nesta encenação do Senado o que há de se lamentar é que a autorização para Kássio Marques vestir aquela toga cafona não tenha tido também o voto de Chico Rodrigues, aquele nobre colega do dinheiro nas nádegas, impedido neste caso pela suspensão determinada pelo ministro Luís Roberto Barroso. A ausência não permitiu que a confirmação do novo juiz do Supremo se desse em sua completude. O senador que foi pego pela polícia com dinheiro escondido naquele lugar poderia ter dado o voto de honra nesta aprovação.