© Lula Marques
Em carta de despedida do cargo de procurador-geral da República, Rodrigo Janot destacou o combate à corrupção como a principal atividade de sua gestão e afirmou que esta luta precisa continuar, porque ainda há “larápios” e “escroques” em cargos na República.
“Espero que a semente plantada germine, frutifique e que esse trabalho coletivo de combate à corrupção sirva como inspiração para a atual e futuras gerações de brasileiros honrados e honestos. O Brasil é nosso! Precisamos acreditar nessa ideia e trabalhar incessantemente para retomar os rumos deste país, colocando-o a serviço de todos os brasileiros, e não apenas da parcela de larápios egoístas e escroques ousados que, infelizmente, ainda ocupam vistosos cargos em nossa República”, escreveu Janot.
No documento enviado aos procuradores do Ministério Público Federal (MPF), Janot justifica razões protocolares para não comparecer à posse de sua sucessora, Raquel Dodge, que ocorre na manhã desta segunda-feira. Ele não gostou de ter sido convidado apenas por um e-mail formal.
“Por motivos protocolares, não poderei transmitir o cargo a minha sucessora, mas desejo-lhe sorte e sobretudo energia para os anos que virão. Que a nova PGR encontre alegria mesmo diante das adversidades e que seja firme frente aos desafios”, afirmou Janot.
A carta enviada no domingo, último dia de seu mandato, começa com citação a Hamlet e à frase célebre: “Há algo de podre no reino da Dinamarca”. Janot afirma que o pensamento poderia ser aplicado ao Brasil de hoje. Ele faz um balanço de sua atuação e destaca nunca ter agido por “conveniências”.
“Nas minhas decisões, nunca levei em conta conveniências pessoais ou conforto transitório. Devo ter errado mais do que imagino, mas de uma coisa me orgulho profundamente: nunca falhei por omissão, por covardia ou por acomodação. Fiz o que me pareceu certo fazer. A história dirá a medida desses acertos e erros no tempo próprio”, escreveu Janot.
Janot faz um agradecimento aos servidores da instituição e afirma que como subprocurador-geral em atuação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) manterá a promoção da agenda contra a corrupção.
“De meu posto, ainda como sentinela, seguirei a promover a agenda anticorrupção. Este não foi o mote do meu mandato. É mote do meu País”, conclui.
O Globo